Visita ao Concelho de Cascais

A turma de Temas Económicos e Economia do Mar do Professor Luís Lapa, da Unisseixal, realizou no dia 9 de março de 2022, uma visita de estudo no âmbito da disciplina relacionada com o mar. Com três polos específicos, como destino, no concelho de Cascais, visitaríamos nomeadamente, o Museu do Mar, o Farol de Santa Marta e o Forte de São Jorge de Oitavos. Havia ainda uma visita programada à Casa de Santa Maria, junto ao Farol, só que, entretanto, entrou para obras e não pudemos concretizar esse objectivo.

Assim, para o efeito, às oito e meia da manhã, hora prevista para a partida, com um céu salpicado de nuvens, mas soalheiro, o autocarro, conduzido pelo senhor Chapa, saía da Amora rumo ao nosso destino, na margem norte do Tejo.

Pelo caminho, juntou-se o Professor Lapa e mais dois convidados seus e formámos assim um grupo de quarenta pessoas, onde se incluía também o Professor Alberto Jacob, responsável na Unisseixal pela disciplina Tudo é Economia.

Às dez horas já estávamos junto ao Parque Marechal Carmona. Fomos aqui recebidos por uma responsável do Museu do Mar e, ali mesmo, fomos divididos em dois grupos: uns foram encaminhados para o Farol e outros para o Museu de D. Carlos. Finda a visita ao museu que se prolongou por uma hora, houve uma troca de locais. Os alunos deste grupo dirigiram-se ao Farol e os do Farol foram visitar o museu.

Na visita guiada ao Museu do Mar fomos acompanhados pela prestimosa Dra. Eugénia Alves que, detalhadamente, percorreu os diversos espaços do museu. Na receção conta-nos a história do espaço que é ilustrada e complementada com fotos e vídeos ao dispor dos visitantes.

Depois passámos à sala da zona marinha onde tomámos conhecimento das várias espécies marinhas, com enfoque nos tubarões, um deles verdadeiro com cerca de um metro e que fora pescado pelo próprio Rei, também ele, como o pai D. Luís, um apaixonado pelo mar. Neste espaço encontramos ainda um osso gigante de um maxilar de uma baleia e ainda outras espécies marinhas como golfinhos, tartarugas, raias, atum e também várias espécies de aves, como o cagarro ou a tradicional gaivota, além de ser possível ouvir os sons que algumas destas espécies emitem para se expressar ou comunicar.

De seguida entramos no espaço dedicado às gentes do mar onde estão expostos os trajes, as redes e os artefactos da pesca. Depois a sala de navegação com os instrumentos associados e destaque para uma “carranca” exposta numa vitrine. Esta peça, proveniente de um naufrágio, encontrada nos achados do mar, era colocada na proa dos navios e não se sabe se representa um cão ou um lobo, mas, provavelmente, pertenceria a um navio pirata, tão estranha e ameaçadora é a figura representada. Neste piso terminamos numa sala onde se contam histórias de viagens importantes.

Subimos depois a uma espécie de corredor um pouco estreito onde, no conceito da origem da vida, encontramos vitrines com elementos fósseis, conchas, búzios, incrustações e outros diversos vestígios milenares.

Finda esta visita, somos levados para o Farol e aqui somos recebidos pela Dona Manuela Pereira. Funcionária da Câmara Municipal de Cascais que é a entidade que gere aquele edifício da Marinha, é com ela que é feita a apresentação do Farol de Santa Marta. E antes de subirmos os noventa degraus que nos levam ao topo do Farol, é possível ouvirmos a história desta estrutura e vermos, ali expostas, parte das lentes difusoras dos faróis, conhecer os seus alcances (até 70 km), assim como o tipo de luz que refletem e outros demais aspectos relacionados com a funcionalidade e evolução destes.

Sabemos que para efeitos de orientação e localização, na história dos faróis, tudo começa com fogueiras e depois os métodos foram evoluindo até aos processos que temos nos dias de hoje. Há ainda numa vitrine parte de um tipo de equipamento que se usava, no processo de preparação e depuração dos óleos que queimavam para as lamparinas, nos primeiros faróis.

Sabemos também que cada farol é diferente do outro ̶ como uma impressão digital ̶ assim como a luz que transmitem, a intermitência, a cor e até o sinal sonoro que emitem, em caso de nevoeiro.

A vista que se obtém do varandim no topo do Farol não está ao alcance de todos. A terceira idade não perdoa e alguns não têm coragem de subir até ele.

Dali veem-se os 360 graus do que a nossa vista alcança, mas o espaço estreito e pequeno restringe-se a um L que nos obriga a voltar para trás. A permanência que é curta (porque há gente à espera e só sobem seis pessoas de cada vez) só nos deixa tempo para umas fotos rápidas e nada mais.

A seguir encontramo-nos, os dois grupos, perto do autocarro estacionado junto ao parque, e estamos na hora do almoço. Aqui dispersamo-nos um pouco porque havia várias opções: uns optaram por fazerem piquenique com o farnel que levaram, outros pelos restaurantes ou por um snack rápido no café do Parque, ali mesmo.

Os que optaram pela zona de merendas do Parque, com os galos e galinhas que por ali proliferam a debicarem à sua volta, além de um lindo pavão, experienciaram não só o contacto direto e sempre recomendável com o verde do campo, mas também a relação bucólica com a Natureza envolvente que nos transmite o próprio Parque.

Neste ambiente de harmonia perfeita, sem as temidas ameaças de chuva, estenderam toalhas sobre as seis mesas existentes, expuseram os “géneros alimentícios”, os artefactos para comer e deliciaram-se (a custos reduzidos) com os seus “manjares”. Ao mesmo tempo construíram uma rara oportunidade de convívio e confraternização, neste contexto, o que foi muito divertido e agradável para todos, ainda com a possibilidade de partilharem a sandes ou o pastel, a fruta ou o pão com noz e passas. Muito bom.

“Merenda comida companhia desfeita”, acabámos o repasto todos juntos na esplanada do Parque a beber café.

A seguir dirigimo-nos ao autocarro para a visita da tarde, esta a cerca de quatro quilómetros dali, a caminho do Guincho. Do nosso lado esquerdo surgiu-nos então o Forte de São Jorge de Oitavos, com a bandeira portuguesa hasteada aos quatro ventos. Construído no século XVII serviu de prevenção a desembarques da armada espanhola com as embarcações que se dirigiam para entrar na barra do Tejo.

Nós, por outro lado, fomos recebidos pelas simpáticas funcionárias ali destacadas da CMC, Adelaide e Catarina, que tentaram explicar-nos, ao som das vagas alterosas vindas do mar ali ao lado, o funcionamento da bateria de quatro canhões instalados na esplanada do Forte.

Exemplificaram-nos os procedimentos de como se “armava”, um canhão e o tempo entre cada disparo (oito minutos). Estes eram municiados pela guarnição que era, em regra, composta por um cabo, três artilheiros e dezoito soldados.

Outro detalhe curioso que se destaca, ainda nesta zona da esplanada, é a existência de uma “latrina”, com descarga direta para o mar, em baixo.

Percorremos depois as instalações do pequeno Forte com destaque para o paiol, hoje uma sala onde se encontram, sobretudo, uniformes e artefactos de ataque e defesa.

Encontramos também um depósito de madeira, em forma de bidon, onde se guardava a pólvora. O pavimento é, em parte, ainda o original que é inclinado e cujo objectivo era o escoamento de eventuais águas. Em outras salas podem ver-se várias imagens explicativas cobrindo as paredes, como a sinalética praticada na época, além de outras curiosidades.

Nas despedidas, no exterior, tiraram-se as fotos da praxe e agradecemos às senhoras toda a disponibilidade demonstrada. Aliás, estes agradecimentos foram extensivos a todas as entidades que nos receberam nos respetivos locais, quer no museu, quer no Farol com a entrega das respetivas credenciais, necessárias para as visitas, fornecidas pela Unisseixal.

De regresso ao Seixal e como “bónus” do professor Lapa por não termos podido visitar a Casa de Santa Maria (e nos termos portado bem), pudemos dar um pequeno salto à Boca do Inferno. Ali chegados, fomos confrontados, no entanto, com o facto de estar interditado aos visitantes, vedado por um portão fechado com uma corrente presa a um cadeado, o acesso para a zona inferior junto ao mar.

Saídos dali a restante viagem foi rápida, porque não havia muito trânsito, e antes das cinco horas estávamos na Amora a descer do verde autocarro do Monchapa.

texto: Carlos Pereira (DT)

Museu do Mar

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *